Título: A Faca de Dois Gumes
Original: A Faca de Dois Gumes
Autor: Fernando Sabino
Editora: Record
Páginas: 239
Nota: 7
Sinopse: Quem é o culpado? A esquiva Isabel, que o marido insinua ser uma ladra, ou ele próprio, que acaba preso e chamando a si mesmo de “bom ladrão”?
Uma mulher vai à polícia denunciar o marido, que ameaça matá-la “como fez com a outra” e dizer que foi suicídio. O marido vai à polícia alegar que a primeira mulher se suicidou tomando martini seco com veneno, e a atual pretende fazer o mesmo para que a culpa recaia sobre ele. Quem é o culpado?
O álibi deste outro marido é tão perfeito que jamais conseguirá provar a sua culpa, mesmo para salvar o filho, preso como culpado. E se não pretendia matar a mulher e o amante, por que tão requintado plano para surpreendê-los em flagrante? É este o outro gume da faca? Quem é o culpado?
Não basta saber quando, onde, como. O que importa é saber quem. Tal pergunta o leitor fará a cada página desta obra surpreendente. Tudo se esconde sob a ambigüidade no comportamento da natureza humana. A verdade se encontra entre a realidade e a imaginação, passando a depender do ponto de vista em que nos colocamos.
Como diz um dos personagens na epígrafe, “não adianta saber de quem é a culpa, se você não souber que é sua”. E antes que ela seja atribuída ao autor, convém que se diga haver ele levado neste livro a extremos de perfeição a sua arte de escritor.
E ainda uma curiosidade: em cada parte da sua trilogia, Fernando Sabino presta homenagem indireta a um grande escritor de sua admiração: Machado de Assis, no período inicial de O Bom Ladrão; Pirandello, no fim da fala ao telefone, pouco depois de principiar Martini Seco; Simenon, na primeira letra das sete palavras finais do capitulo 5 em O Outro Gume da Faca.